Claudia está chorosa, os
últimos dias tem sido muito difíceis, discutira asperamente com seus pais. A
mágoa estava instalada em seu coração desde quando descobrira serem pais
adotivos, as sensações e sentimentos criaram um turbilhão dentro do seu
espírito. Ideias destrutivas começam a pulsar em seus pensamentos. Sem que
esperasse alguém toca em seu ombro.
- Minha querida Claudia,
uma vida tão jovem e pulsante merece esse semblante tão pesado?
A jovem se assusta em um
primeiro momento, vira o rosto e ao vislumbrar o Mestre Jesus ao seu lado, esboça
um sorriso, respira fundo e sente-se abraçada espiritualmente.
- Jesus, como é bom te
encontrar. Estou decepcionada com pessoas que eu acreditava serem perfeitas,
meus pais. Jamais pensei sentir isto por eles.
- O que aconteceu de tão
grave para você estar alimentando esses sentimentos negativos? – O Mestre agora está
sentado ao lado da jovem, com os braços cruzados sobre os joelhos, olha
fixamente para os olhos da Claudia.
- Descobri que eles não
são meus pais, li em um papel que sou adotada. Minha revolta não é só pela
mentira deles, mas a sensação de ter sido descartada está me doendo muito. –
Ela começa a chorar.
- Calma, minha querida. –
Jesus coloca a mão sobre a cabeça da jovem, derrama-se uma chuva de luz sobre ela. –
Deixa eu entrar nesse coração.
A jovem sente como se
estivesse sendo levada para lugares jamais vistos por ela. Uma sensação
maravilhosa de leveza, há muito não sentida, a envolve em plenitude.
- Claudia, se estou em seu coração, atenda a dois
pedidos meus. Primeiro, não deixe este sentimento negativo em relação às pessoas que
te geraram o corpo físico, envolver seu espírito. Busque no olhar para a frente
a luz para a prática do perdão. Eles tiveram seus motivos, tomaram uma decisão
que pode não ter sido fácil, mas enfim, foi uma semeadura que caberá a eles a
colheita inevitável. O perdão do passado, abre o horizonte iluminado do porvir.
Então alivie seu coração com o balsamo do perdão.
Lágrimas mais intensas
escorrem pelo rosto da jovem, sentimentos intensos parecem circular por todo
seu ser, e essa intensidade vai varrendo para longe o peso da primeira mágoa.
- E o outro pedido
Mestre, vai ser tão difícil como este primeiro? – Entre soluços ela balbucia
para Jesus.
- Menina, seus pais te geraram da maneira mais difícil, sem nenhuma materialidade corporal, em que o importante é o coração pulsante em Amor. Há algum tempo atrás, eles elevaram ao Pai Celestial um pedido, queriam receber mais uma
benção na vida deles; já tinham criado os dois filhos nascidos da carne, com
muito amor; e pediam agora para merecerem receber alguém nascido do coração.
Todos os pedidos nascidos do Amor são atendidos pelo Pai, e assim foi feito. Você
surgiu na vida deles. Passaram momentos de angustia até se concretizar o acalentado sonho, dias de muitas dúvidas sobre o tempo a percorrer para reduzir a distância
física, dores e dúvidas nasceram naqueles momentos. O que jamais nasceu foi qualquer
dúvida sobre o sentimento divino que os conduzia no caminho até você. Minha querida, não precisaram de dois corpos para traze-la. Você foi gerada no Amor além do corpo, não ficou meses no ventre de sua mãe, mas nasceu para sempre nos corações e nos espíritos de seus pais. Toda universo minha querida, foi gerado pela
fonte eterna de Amor, Deus. O seu nascimento para a vida, se deu pelos laços desse Amor.
Claudia agora chora
copiosamente, recosta a cabeça no braço do Mestre. Levanta os olhos, marejados e brilhando pelas lágrimas derramando insistentemente, agora pela felicidade, esboça um leve sorriso, pisca um olho e sai correndo de volta
para casa, ainda olha para trás e lança um beijo para Jesus. A partir de agora transformaria para sempre a dor da incompreensão na harmonia do
acolhimento pelo Amor.
GOTA
DE LUZ: O transcender a materialidade nos conduz à
compreensão da grandiosidade da fonte eterna de Amor. Esse mudar a visão nos traz a compreensão de ser o sentimento do Amor
o único elo a permanecer por toda a eternidade, muito além da transitória
materialidade, alimentada pela aparência, conveniência, e que nos conduz a
alimentar sentimentos inferiores e pesados em relação aqueles colocados em
nossa jornada de vida pelo Pai Celestial.
“E
junto à cruz estavam a mãe de Jesus, e a irmã dela, e Maria, mulher de Cleopas,
e Maria Madalena. Vendo Jesus sua mãe e junto a ela o discípulo amado, disse:
Mulher, eis aí teu filho. Depois, disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. Dessa
hora em diante, o discípulo a tomou para casa” (João 19:25-27).